segunda-feira, 12 de abril de 2010

Desabafo para começar.

Você me diz 'Eu te amo'. Tum tum TUM. Meu coração pula tão rápido dentro do meu peito que me esqueço de respirar. Em seguida completa 'Mas estou com ela'. Silêncio. Não sinto mais nada. Meu coração acabou de ser quebrado em mil pedaços. 'Como assim ?!' eu pergunto. 'Não acho justo com ela', escuto em resposta. Ainda silêncio. Ainda não sinto nada. Como é possível? 'Eu te amo!' me percebo dizendo. 'Eu também te amo', escuto de novo. Mas não é o mesmo de antes. Não tem o mesmo amor. 'Então por que...' começo. Mas me obrigo a engolir minhas palavras de angústia. De mágoa. De confusão. Ainda não entendo, mas não importa mais. Ai, aonde deixei minha chave de casa? Eu quero ir embora. Não agüento mais ficar aqui. Não tem cadeiras neste lugar? Minhas pernas pararam de me obedecer. 'Tudo bem?' ouço, mas sua voz parece tão distante... 'Tudo ótimo', respondo mecanicamente, lutando para evitar as lágrimas que teimam em cair. Eu quero gritar. Dizer que não mereço toda essa dor que começa a tomar meu corpo.
Xingar, Esperniar. Tudo me parece tão pouco. 'Quero ir pra casa', digo, mas não ouço a minha voz. Ele ouviu. Ele sempre ouve. Era uma das suas qualidades que eu mais gostava. Agora já não me parece tão boa. 'Vamos, eu te levo', o escuto dizer. Sempre tão gentil. Tento dizer que não precisa, que não quero. Não consigo. Me sinto fraca. Qualquer palavra parece simplesmente pesada demais. 'Vamos', e não espero. Não quero mais ficar aqui. Quero ir embora sem olhar para trás. Preciso de chocolate, filmes de terror e melhores amigas. Percebo que estou sendo seguida. Droga. Porque ele não me deixa? Ele tem que ver o tamanho do estrago que causou em mim? Tenho novidades: você não o verá, amorzinho. Engulo a seco o choro e a dor. Posso lidar com eles mais tarde. Me viro. Paro. 'O que foi?', é o que sai da sua boca, seu rosto surpreso e relutante. Parece pressentir a bomba que vai sair de mim. Recuo. 'Nada. Esquece.' , digo. Sinto um nó na garganta. Hora de bater em retirada. Seu rosto relaxa ao pereceber que a bomba apagou. Quem me dera.
Entro no carro. A porta se fecha ao meu lado. Olho pra frente mas não vejo nada. Silêncio. Mas não é mais aquele silêncio bom que costumávamos ter. Esse parece impossível de ser quebrado. Ele percebe a minha inquietação. Como não percebê-la ? 'Amigos?', ele pergunta. Não respondo. Ainda não me sinto pronta. 'Vá ficar com ela!', sinto vontade de dizer. Mas não digo. Olho pela janela e me deparo com o mar. Me perco nos meus pensamentos, no meu mundo. 'Chegamos', ele diz. De volta a realidade. Saio do carro e sou acompanhada até a porta. Me obrigo a olhar para ele. Respira, tenho que me lembrar. Nada é dito. De repente sou envolvida por aquele abraço que eu conheço tão bem. Mas já não é o tão reconfortante. ' Até amanhã', ele diz. 'Tchau', me percebo dizendo. 'Tchau', digo a mim mesma.

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